Pouco a pouco, o cenário de gestão de projetos vai se transformando. O que antes era domínio total de escritórios de projetos tradicionais, começa a dar espaço para um conceito cada vez mais discutido e, talvez, necessário: o Value Management Office.
Em empresas que buscam o crescimento autêntico e mensurável, surge uma pergunta simples, mas potente: como garantir que cada esforço gere valor real? É aí que começa nossa história com o VMO e a busca constante por resultados que fazem sentido para o negócio, clientes e para as equipes envolvidas.
A origem da gestão orientada ao valor
Muitas organizações já possuem um escritório focado na gestão de projetos. Eles controlam prazos, custos, escopo, acompanhamento do trabalho e outras entregas. Por muito tempo, esse modelo foi suficiente. Ainda assim, algo faltava. Mesmo quando tudo estava dentro dos cronogramas, havia aquela sensação: será que estamos realmente entregando o que importa?
Não por acaso, uma pesquisa feita pela Beware aponta que 60% dos profissionais seniores de projetos questionam o valor entregado pelos PMOs e que metade dos escritórios de projetos falham em sua primeira implementação. Isso sinaliza algo além de problemas operacionais – revela um desalinhamento de expectativas entre o que se mede e o que realmente faz diferença (Beware destaca que a transição de um Project Management Office (PMO) para um VMO é uma evolução necessária).
Foco apenas em prazos não sustenta uma empresa inovadora.
Vmo e pmo: diferenças fundamentais
Antes de mergulharmos em estratégias de implantação, é útil desenhar rapidamente os contrastes entre esses dois modelos:
- PMO (Project Management Office): Gestão baseada em processos, normas, controle, eficiência e cumprimento de prazos.
- VMO (Value Management Office): Gestão baseada na entrega de valor, na experiência do cliente, indicadores centrados no resultado estratégico, capacidade de adaptação e colaboração.
A PMO Americas ilustra bem essa mudança ao mostrar que a evolução não é só estrutural, mas profundamente cultural: o escritório de valor impulsiona a colaboração, a inovação e torna-se agente ativo na transformação da empresa (a mudança de um PMO para um VMO envolve uma transformação cultural profunda).
Por que migrar para um centro de valor?
Quando se questiona o impacto de um escritório de projetos tradicional, muitas vezes as respostas esbarram nas métricas. Percentual de tarefas finalizadas, custos cumpridos. Mas o que dizer do impacto real para o cliente, para o negócio? O VMO nasce desse movimento: entregar algo que seja mais do que um projeto, entregar significado e resultado mensurável.
Foco em valor: o que isso significa na prática?
A palavra “valor” é, por si só, subjetiva. Para cada parte interessada, significa algo diferente. Para a área financeira, talvez represente redução de custos. Para o marketing, o aumento da percepção do cliente. A NÓR, enquanto consultoria especializada em estratégia de negócios, vê a gestão orientada por valor como ponto de partida para resultados consistentes, não apenas pontuais.
É interessante perceber, como mostrou a act digital em estudo com um banco de financiamento automotivo, que implementar um Value Management Office levou a uma redução de 58% nos custos operacionais, além de crescimento concreto em eficiência e qualidade do serviço (a implementação de um Value Management Office em um banco especializado em financiamento automotivo resultou em uma redução de 58% nos custos operacionais).
Capacitação e transformação: o papel das pessoas no VMO
Um escritório orientado ao valor não se sustenta apenas através de processos bem estruturados, mas especialmente pela atuação de profissionais que entendam o propósito do negócio, estejam preparados para integrar métodos ágeis e amadureçam na cultura de colaboração.
Trilhas de desenvolvimento para equipes de valor
Como as organizações podem preparar esses profissionais? Aqui começam os programas de educação corporativa, como as trilhas de Gestão Ágil e Liderança ou Inovação nos Negócios, desenvolvidas por especialistas como a NÓR. Essas formações unem teoria e prática:
- Simulações de projetos reais
- Aplicação de métodos ágeis e lean
- Gestão de resultados baseada em indicadores de valor
- Desenvolvimento do olhar crítico para satisfação do cliente
O mais interessante é perceber que os times, aos poucos, deixam de apenas “executar” para se tornar protagonistas da transformação, propondo melhorias e repensando processos a serem eliminados ou reinventados.
Governança lean aliada ao gerenciamento de valor
O conceito de Value Management Office cresce em força quando encontra práticas como a governança lean. A proposta aqui é simples (mas poderosa): eliminar desperdícios, tornar decisões mais rápidas e mensurar continuamente aquilo que realmente agrega valor ao negócio.
Na área de saúde, segundo a ADD Consulting, o VMO passa a ser um centro de excelência que aplica a mentalidade Value-Based Health Care (VBHC), padronizando resultados e redesenhando jornadas focadas em experiências integradas (o conceito de VMO, introduzido por Kaplan et al. (2015), é um Centro de Excelência).
Por que a governança lean faz diferença?
Num processo tradicional, revisar etapas e aprovações pode ser um fardo pesado. Já sob a ótica lean, decisões são tomadas de acordo com o fluxo real, sem engessamento, reduzindo atrasos evitáveis.
Os resultados? Projetos mais consistentes, engajamento elevado do time e capacidade real de adaptação a mudanças – algo que, francamente, todo líder já desejou experimentar um dia, mas pouco alcançou com metodologias rígidas demais.
Só faz sentido medir se aquilo que se mede reflete o que importa.
Valor: subjetividade que desafia padrões
O que acontece quando tentamos padronizar algo que é subjetivo? O valor, como conceito, não cabe facilmente numa planilha. Ele pode depender da percepção de clientes, de tendências do mercado e (por que não?) do próprio senso de propósito das equipes.
Tome como exemplo a migração de um PMO para um escritório de valor: muitos indicadores de sucesso mudam. Passam a pesar fatores como:
- Satisfação do cliente medida diretamente, e não apenas pelos números finais do projeto
- Capacidade de adaptação frente aos imprevistos
- Entrega contínua de valor, e não apenas no fim de um projeto
- Avaliação multidisciplinar, considerando várias áreas do negócio
Esses pontos mostram que transformar o olhar para o valor exige uma mudança de mentalidade. Muitas vezes, isso gera resistência inicial, principalmente de áreas acostumadas com métricas rígidas e previsíveis. Porém, ao longo do tempo, fica claro – tanto para colaboradores quanto para gestores – que o valor percebido é sempre mais potente quando há engajamento autêntico e propósito no trabalho.
Passo a passo: como implantar um escritório de valor
Pode parecer assustador, mas migrar de um modelo tradicional para um centro de gestão de valor não precisa ser feito de uma só vez. Muitas empresas preferem um caminho mais gradual, começando por projetos-piloto e revisando os aprendizados antes de estruturar o VMO em larga escala.
1. diagnóstico atual
Antes de qualquer mudança, é preciso entender a maturidade da empresa. O alinhamento estratégico entre departamentos, assim como abordamos em nosso conteúdo sobre integração de áreas no planejamento estratégico, já oferece uma cara do ponto de partida.
2. definição do conceito de valor
Não há escritório de valor sem antes definir o que “valor” significa para a organização, considerando não apenas indicadores financeiros, mas também elementos como experiência do cliente e inovação.
3. engajamento das equipes
Em vez de impor uma camada de gestão, a ideia aqui é criar ciclos de troca, com comunicação transparente e participação ativa dos colaboradores que serão os protagonistas da transformação.
4. implementação de metodologias ágeis
Metodologias como Scrum, Kanban e Lean são grandes aliadas por sua habilidade de entregar incrementos contínuos de valor. De acordo com nosso artigo sobre gestão ágil e resultados, a experimentação incremental ajuda a validar rapidamente se o que está sendo produzido realmente gera impacto.
5. monitoramento e adaptação contínua
Nenhum plano sobrevive exatamente ao campo de batalha. Por isso, a cada ciclo, é necessário revisar indicadores de valor, ajustar estratégias e colher feedbacks. Isso constrói o ciclo virtuoso de melhoria contínua que sustenta o VMO.
Casos práticos: do controle ao resultado significativo
A prática está no centro de toda mudança significativa. Pode ser por isso que, quando um banco decidiu passar do PMO para o escritório de valor, os resultados logo apareceram: custos operacionais caíram, o engajamento dos colaboradores aumentou e a satisfação do cliente ganhou novo patamar. O estudo realizado pela act digital detalha como a transformação envolveu uma atuação mais estratégica e colaborativa, reduzindo não conformidades e trazendo ganhos em eficiência a cada ciclo (caso de banco reduzindo custos e aumentando eficiência operacional).
A evolução de PMO para VMO, defendida pela Beware, é também uma resposta ao levantamento do Project Management Institute: 42% dos escritórios de projeto enxergam o alinhamento estratégico como caminho para aumentar sua contribuição real para o negócio (relatório do PMI sobre eficácia dos escritórios de projetos).
Outro aspecto tocado pela gestão estratégica é o aprendizado contínuo que a transição pode representar: negócios que constroem ciclos de aprendizagem conseguem reposicionar equipes, inovar em processos e, principalmente, ajustar rapidamente diante das necessidades do mercado.
Os desafios pela frente
Apesar dos benefícios evidentes, a transição para um VMO não é um conto de fadas. Entre os principais obstáculos estão:
- Cultura organizacional resistente: transformar mentalidades exige tempo e paciência. Muitas equipes sentem-se inseguras diante de novas formas de avaliação e feedback.
- Definição clara de valor: há situações em que diferentes áreas veem valor de formas completamente diversas. Conciliar visões é trabalhoso, mas necessário.
- Medição subjetiva: diferentemente de uma métrica de prazo, indicadores de valor podem ser mais abertos à interpretação. Isso exige métodos de acompanhamento próximos e revisões frequentes.
É natural que, no início, haja dúvidas, medo de perder o controle e até sensação de instabilidade. Mas não há como negar: empresas que fazem a transição – mesmo quando encontram dificuldades no caminho – acabam colhendo frutos mais alinhados aos princípios de inovação e resultado sustentável.
Reflexão final: além do modelo, uma visão de futuro
A implantação de um centro de gestão orientada por valor não é só uma tendência. É, na prática, uma resposta às mudanças profundas do mercado e às novas expectativas de clientes e colaboradores.
Seja na NÓR ou em empresas parceiras, a experiência revela: quando times adotam uma mentalidade centrada em valor, a estratégia deixa de ser um documento estático e passa a orientar verdadeiramente o caminho de crescimento.
Aliar essa abordagem a métodos ágeis, capacitação contínua e governança lean é abrir espaço para conquistas mais autênticas, mensuráveis e, acima de tudo, alinhadas ao propósito do negócio.
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Perguntas frequentes
O que é um Value Management Office?
Um Value Management Office é uma estrutura organizacional dedicada a garantir que os projetos, iniciativas e processos estejam sempre alinhados com aquilo que realmente importa para o negócio: a geração de valor. Diferente de um escritório tradicional de projetos, o foco está no impacto percebido pelo cliente e no resultado estratégico, não apenas nos prazos e custos. É um centro que promove colaboração, adaptação, cultura de inovação e mensuração de indicadores voltados ao propósito da empresa.
Como implementar um VMO na empresa?
O processo de implantação começa pelo diagnóstico da maturidade organizacional. Depois, define-se com clareza o que significa “valor” para a empresa, engajam-se as equipes e escolhem-se as metodologias ágeis e lean mais adequadas. Recomenda-se iniciar por projetos-piloto, avaliando resultados e promovendo ajustes até criar um ciclo de melhoria contínua. A capacitação dos profissionais, por meio de trilhas de aprendizagem sobre Gestão Ágil e Liderança, contribui bastante para acelerar a transformação.
Quais os benefícios de criar um VMO?
Entre os principais benefícios, destacam-se: geração contínua de valor, maior alinhamento estratégico, melhor adaptação às mudanças do mercado, satisfação mais elevada do cliente e redução de custos e desperdícios. Estudos de caso indicam resultados concretos, como redução de custos operacionais, crescimento da eficiência e melhoria na experiência do cliente, como visto em transformações de grandes organizações.
VMO substitui ou complementa o PMO?
Em muitos contextos, o escritório de valor começa como uma complementaridade ao PMO, trazendo novos indicadores e métodos para além do controle tradicional. Com o amadurecimento do modelo, pode haver uma transição completa, especialmente em empresas orientadas por inovação, colaboração e propósito. Por isso, cada organização pode escolher sua própria combinação, levando em conta sua cultura e objetivos.
Quando vale a pena investir em VMO?
O investimento faz sentido quando a empresa busca resultados além da operação, quer inovar de verdade e precisa de maior proximidade com as reais necessidades dos clientes. Se persistem dúvidas em relação ao impacto dos projetos no negócio ou há sinais de desalinhamento entre áreas, é um bom momento para repensar o modelo e considerar a transição ou implementação do Value Management Office.